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Mostrando postagens de outubro, 2017

Saturday night #06

Sempre fui das terças-feiras. Não sei muito bem o motivo, talvez seja porque são vários ou realmente nenhum. Mas lembro-me que quando frequentava ainda o ensino fundamental, na única escola que frequentei em minha cidade, gostava das terças simplesmente porque quase todos os anos coincidia como o "dia da aula de educação física", ou seja, dia de no início da aula já conversar entre meninos e meninas, quem iria jogar e com quem.  Nas minhas turmas, pelo que eu me lembre, as garotas sempre gostavam de jogar, o que deixava um espaço maior para o futebol menos agressivo e mais charmoso. Claro, o charme não era regra. Muito menos a pacificidade.  Mas era sempre bom escapar da sala, depois de ficar alguns minutos impacientes com a demora ou a conversa do professor ao celular antes da aula que o fazia dar gargalhadas, enquanto desesperados queríamos logo nos libertamos das carteiras e da lei do silêncio,  extravasando a poucos metros dali, na pequena quadra poliesportiva. Bon...

Como não fazer uma crônica sobre o amor #05

1º ponto: Dizem que na escolha do fato da crônica é fundamental que este seja de extrema importância, de preferência encontrado no jornal e possuir uma opinião concisa sobre o assunto. Prefiro falar sobre uma paixão quase banal, sem muito usar de meus achismos e sim apenas relatando o que penso que vi. 2° ponto: Busque fugir dos personagens. Não posso. sem a jovem que perdidamente se apaixonou por um colega de classe que namora e o jovem que se vê na contradição de perder-se na nova paixão ou manter-se firme com suas histórias e memórias tão frescas e diariamente convividas, não haveria sobre o quê discorrer. 3º ponto: Evite fantasiar. Como poderei saber se minha memória me traiu e produziu uma fantasia, ou mesmo meus olhos ao observar o que acredito que vi? Não. Tenho que deixar em aberto que pode ser fantasia, não quero ser culpado de obstruir a verdade ou interpretar erroneamente que a fala da oradora sobre a Revolução Russa recaiu num ponto que a deixou inquieta. Não por ...

¡Tchau Radar! #04

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembranças essas memórias póstumas".  Tal qual o velho Brás Cubas, preciso escrever sobre minhas memórias póstumas. Não, ainda não estou totalmente morto. Pelo menos não enterrado a sete palmos do chão em um cemitério gélido e úmido, com cheiros de flores já também mortas. Mas de uns tempos para cá, me sinto meio alheio a vida e os outros a mim, o que me dá a sensação de já não estar mais vivo.  Tenho que contar minha suspeita da razão de me sentir assim. Saí do facebook. Nos primeiros dias, ainda não me dava conta e quando me conectava na internet, instintivamente via correr os dedos pelo teclado e aparecer a página azul de login do website. Da mesma forma automática fechava a páginas as pressas, orgulhoso por dedicar meu estimado tempo em "algo útil". Ouvia diversos álbuns de bandas de que eu já gostava e também destinava um tempo a conhecer novos sons, também conseguia ler diversos j...

Para além da academia... #03

Não sei você, mas acho a historiografia um mar de academicismo. Não vou tentar explicar o que designa a história, História e estória . Faltei na última aula de teoria. Não é sobre isso também que quero escrever. Quero me ater a literatura produzida por historiadores sobre a História, que aqui chamarei de historiografia.  Foi fascinante entender que a velha história de "descobrimento do Brasil" é uma das inúmeras visões, e uma das mais rasas por sinal, sobre a chegada e permanência dos portugueses no Brasil. Pena, que nos meus últimos dez anos de escola, aquilo foi uma de minhas únicas certezas, sim, "eu sei quem descobriu o Brasil", foi por água a baixo. O choque nem é por entender que a "descoberta do Cabral" não foi bem o que estava nos livros de história que recebemos, mas sim, que caso não estivesse cursando a graduação de História, conviveria com essa distorção, talvez, pelo resto da vida. Entender que "não era bem assim" não me incomoda ...

Os privilégios do Direito #02

Não é novidade a discussão entre direitos e privilégios, o que se constitui o quê e assim por diante. No entanto, por fora dessa discussão que polariza as pessoas, há ainda a questão dos privilégios do Direito. Sim, esse grupo minoritário de nossa sociedade que sempre esteve fortemente presente em nosso país, desde que o Brasil começou a se desenvolver como nação, e que sempre esteve ligado à Elite brasileira. Claro que hoje não é diferente. Num cenário nada de novo de reformas no orçamentário brasileiro, poucas pessoas protestam e tem conhecimento do rombo que as regalias de juízes, promotores, desembargadores e outros juristas causam no orçamento da União. Só para se ter uma ideia, em 2015, as despesas do judiciário se aproximaram do astronômico valor de: 80 bilhões de reais, de acordo com o Estadão. Já na página do Planalto, há uma notícia que avalia que os gastos para a Educação em 2017, não passarão de: 62,5 bilhões!!! O que é direito e o que é privilégio aqui? Mas, o maior...

o homem que queria sair da caverna #01

Um dia, um homem descobriu que havia vida fora dali onde morava, trabalhava e convivia com muitas outras pessoas. Nem ele mesmo sabe se foi pelos livros que leu, ou pelas histórias que viveu, mas um dia, parou e pensou: "Deve haver vida fora da caverna". Não fora o primeiro a ter esse pensamento, nem seria o último, mas depois de um tempo passou  a se angustiar com a confortável vida que vivia ali na caverna. Quanto mais investigava, mais entendia a podridão do mundo à sua volta e cada vez mais caminhava para a saída da caverna. Com isso, passou a sentir avesso as conversas, experiências e sensações que provocavam a vida na caverna, que sempre lhe pareceu muito boa.   Entendeu que o mundo ideal que lhe pintavam quando era criança, só existia na tela que ficava na sala de sua caverna, quase sempre ilusória e também num pequeno grupo de cavernas, diferente das outras. Quando saiu da sua caverna e percebeu que havia outras, maiores e menores, descobriu também que havia ...