Droga! Foi o que o atendente de camisa social de manga curta e gravata listrada me ouviu dizer logo após eu saber que meu ônibus atrasaria cerca de 45 a 60 minutos. Praguejava contra a teoria do caos, quando me contentava em sentar num daqueles bancos de cimento curvados com alguma propaganda local que não quis prestar atenção. Com a ponta dos pés empurrando o chão para baixo num ritmo sincronizado, via passar pelos meus olhos uma série de passos apressados e pedintes sossegados que lotavam o terminal rodoviário. Ainda desnorteado com a parafernália de vozes abafadas e odores de embreagens queimadas, saquei o celular e a vi, do outro lado, com os olhos sorrindo e os lábios querendo me ver. Apertei o coração e a conexão foi instantânea. Por entre as franjas do cabelo ruivo, havia a palavra Ateia marcada no espaço da biografia. O que será que ela dizer quando eu me dissesse agnóstico, mas era religioso? "É sério que você tem religião?" Ela poderia disparar com desdém. Nã...
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