Ter valor é útil e tem de ser. O tempo é curto e sempre tem muito o que fazer. O objetivo que não chega alimenta a esperança que a dor de agora vai passar, um dia passa, mas passa tanta coisa. No século XXI (não vivi nos outros), cada indivíduo é neoclássico, não, não é que todos leem Bentham ou Jevons, ou acreditam piamente na lei dos mercados.
É que tudo tem um fim determinado, que se determina para além daquele fim. As madrugadas de trabalho foram feitas para que seja possível o passeio de almoço no domingo, o espinafre que a menina faz careta pra engolir previne um sem fim de doenças, vi num programa matutino. As horas da missa e de terço têm por objetivo pleitear um lugar ao céu.
A gente vive pra viver um amanhã que nunca vem. Deixar o relógio em casa ou esquecer a agenda por querer é se fazer sonso no mundo das multi-tudo (tarefas, telas, relações...). Assim, o globo gira mais desengonçado é verdade, mas ao mesmo tempo mais fluido, sem propósito.
Beijar o rosto da mãe, não pode ser só pra ganhar mesada, há tanta coisa entre um satélite e um grão de açúcar sustentado por uma valente formiga do que sonha a vã filosofia, Joaquim. O desejo de ser produtivo full time dá a impressão de que tudo se resolve e entende, só falta mais um pouco de estudo. Não se frustre por não entender o que não é possível, como se depois que morre a gente vai prum jardim florido ou só uma escuridão sem fim, deixe jesus e os filósofos de lado um pouco e abra uma cerveja (uma água, um café, um suco de beterraba com couve) e pense na morte, da bezerra.
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