Maldito Walter Benjamim! A culpa é sua e toda sua. Eu deveria era ter faltado a aula e ido assistir a tragédia ludopédica em zero a zero entre Paraguai e Catar ou ido para o prédio aglomerado de estranhos para cheirar fumaça com bala de menta e beber uma, duas, três, quantas cervejas forem para acabar com o tédio de uma noite, não precisa lembrar que eu não bebo, tá? Mas, não. Fui a aula como um bom samaritano e aí misturei ciência com metafísica. Achei que devia não ouvir o poeta por um tempo e dar uma chance para o academicismo explicar as relações humanas. Traí a literatura buscando a experiência no outro que não veio. Que só quis rir um pouco e passar uma tarde de céu amarrado ao lado de alguém. Enquanto minha mente foi entrando em caminhos que deveria esquivar, mas caí. No lamaçal eu estava quando me dei conta, é frio e silencioso do jeito que alguém um dia me disse. E agora? Você sumiu, encontrou outro alguém, casou, teve filhos, o riso acabou, a noite apagou, o barco partiu, você sumiu, você sumiu. Não, você continua lá com os mesmo vinte e poucos anos e alma sonhadora, eu é que deixei de existir. Como diz o autor, se não der amor, poesia à deus-dará. Não? Tem certeza que ninguém disse isso?
Não consigo me reconhecer. Cumpro a cartilha às avessas de tudo aquilo que forjei ser meu domínio, minha índole. Lembro que até pouco tempo, lamentava profundamente ter de me relacionar com conversas banais e carinhos avulsos por algumas noites, para no outro dia, amargar uma ressaca de não resistir em relações da carne. Como a música, a literatura, o cinema, a teoria crítica não me bastava? Meus relacionamentos mais duradouros sempre operaram na lógica de flerte e conquista, para desaguar em contato sexual apenas uma ou duas vezes por mês. Nesse meio tempo, mantinha um contato frio, era meu jeito, nunca consegui ser romântico e a humilhação pública do amor me nauseava. Não havia maiores sentimentos que passassem a figura do cômodo, de não ser um completo párea, de agradar alguém no mundo e produzir um parco desejo nesse outrem. Sempre coloquei minhas aspirações primeiro, sendo elas altas, nobres e lúcidas ou inúteis, apenas para comprovar que só eu me governo e nenhuma infl...
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