Outro dia olhava um caderninho de anotações e de lá saía ideias de todos para todos os gostos, umas escritas há semanas, outras eram de anos atrás. Algumas pareciam que não era minhas e talvez não fosse mesmo.
Tinha uma lista de nomes de mulheres, quase sempre fruto de amores inventados, terríveis. Eram personagens de diversos meios lugares do meio artístico que me fizera querer esconder a vontade de provar um pouco do veneno de cada uma. Era Irene Adler, que na infância me fizera pasmo como o Sherlock naquele escândalo da Boêmia. A mim, parecia sem sentido o detetive mais inteligente do mundo ficar perdido por uma mulher, ou sua interpretação não acredita que a peça que ela prega nele seja metáfora da líbido?
Depois veio Mia Wallace no nonsense de Pulp Fiction que me fez saltar os olhos para a sua franja postiça muito sensual. A ela adrenalina, eu fiquei com serotonina. Em seguida, vem Anna Barton com sua sedução de matar.
Nos livros tem aquelas que não tem chance, mas deixam você continuar o caminho, sem avisar que a rua é sem saída. Vem a subjetividade de M. Irma sem nunca se deixar de se apaixonar pelo outro e me deixar com o narrador sem palavras. Nástienka, oh, Nástienka! Por que fizestes o que fizestes com o sonhador? Correr para os braços do outro que fez tão pouco caso de ti e o convidar para o seu casamento, sabendo que eu, e outros tantos leitores, ficariam sabendo de toda a desilusão, foi cruel. Mas aposto que você agiu de bom coração, eu sei.
Tem também aquelas que dão o amor que você sabe que é sua ruína, mas você insiste em rastejar pelos escombros, como no livro do Orwell, como era mesmo o nome da namorada de Wilson, que no livro diz que chama Winston?
Enfim, todas essas mulheres fatais, são aquelas que consegui evitar por todo esse tempo, avisando a todos que nunca me ouviam e cada leitura e atuação havia sempre o eterno retorno das mulheres e dos homens que não conseguiam sair de suas teias de aranha. Me sentia tranquilo quanto às mulheres iguais a essas, nada poderia me fazer perder o sentido. Como já alertou Rubem Braga, só que naquela época não sabia que mulher assim na vida de cada um não tem nomes extravagantes e nem sotaque estrangeiro e quase sempre acaba sendo Alice, Paula, ou Fernanda.
Porra, é Júlia!
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