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Vigilantes do riso #08

Na definição do dicionário-algum-aí está escrito que o riso é uma contração dos músculos da face e está presente em diversos aspectos do comportamento humano e é provocado por sensações como, alegria, prazer, felicidade... Essa reação é involuntária. Dizem por aí que boi quando desembesta é difícil de prender, mas se tem alguma coisa que a gente tenta sempre em vão segurar, abaixando a cabeça, rangendo os dentes, segurando o queixo, é o riso. 
Quem não está participando da piada, quase sempre olha de canto de olho, mordendo os lábios, a uma fagulha de perder a razão sem nem saber do que se trata, só por estar do outro lado do riso. Corre um boato por aí que o riso foi proibido na Idade Média, porque os padres, freis, bispos e toda a trupe da Igreja Romana, nunca souberam contar piadas e que por isso, demonizaram o riso. Dizem que rolou uma gargalhada geral no inferno quando souberam dessa. E que Jesus foi contra. Mas, acho que é conversa fiada.
Depois que o riso deixou de ser crime contra os céus e a família burguesa procurava se enriquecer sem olhar por cima de quem, foram padres e madres procurar o tal do Estado pra dar um jeito no assunto. Exigiam um lugar fechado, cheio de regras, com vigias constantes e disciplina absoluta, claro sem risos. Na dúvida entre construir uma cadeia e um mosteiro, criaram então "A Escola". 
Na união do pior de cada, juntaram o método fabril e o fedor das indústrias movidas à carvão. Agora sim, eles disseram. Tiraram as brincadeiras e a alegria infantil, para colocá-los em roupas iguais, em cadeiras iguais, cada um olhando para a nuca do seu vizinho da frente e torcendo para que tivesse alguma pontinha mais ou menos cortada no cabelo, só para espalhar para a meninada, claro, no intervalo, porque o adulto lá na frente, já está berrando sem parar que não quer ninguém de conversinha. Só um fala, uns fazem que escutam e todos fingem que aprenderam. 
Eles não prestam atenção em nada? Promete que vai dar uma bicicleta para um garoto, que ele lembra sem parar até chegar no natal. Burros? Coloca um garoto de 12 anos e um universitário, quem você acha que acerta mais rápido a tabuada do 8. Porém, lá na frente, a professora com o diploma universitário embaixo da bolsa de coro e um óculos fundo de garrafa sob a cara amassada, não aceita a menina de 9 anos ser mais feliz que ela simplesmente porque vai chupar picolé depois do almoço, aí inventa que ninguém pode ficar feliz aqui, se eu não estou. Quanta arrogância professora, só porque ninguém dá a mínima para sua aula  e te acham chata? Não adianta ler, debater, escrever qualquer coisa no seu computador caro com um bando de doutor-em-norma-da-ABNT olhando sem entender em volta e tentar achar o problema da educação. Não precisa queimar tanto neurônio é só lembrar de quando era menina e gostava de seu picolé de milho verde depois do almoço. Sorria, professora!

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