A vida é um completo absurdo. Me perdoe Camus, mas às vezes me pego buscando explicação no sem sentido que passa, a todo tempo, sob meus olhos. Mas, não é por mal. Quando não há ninguém por perto também penso em trivialidades como o amor. Larguei da namorada por que questionei o conceito ou meu próprio sentimento? Há amor em beijos e carícias entre dois corpos que pela madrugada trocam desejos e promessas, ao passo que no outro dia, ofegantes vestem a roupa do avesso e partem sem conseguir encarar o olhar do outro?
Ontem saí decidido a encontrar o amor. Tentei diferente. Com amigos me vigiando, tentei encontrá-lo no copo. Na cerveja não vinha. Pedi algo mais forte e beijei o copo de aguardente. A mesma velha euforia seguida de confusão. Procurei-o no tabaco. Um, dois, três, quatro... Já não lembro mais quantos cigarros foram. Ficou o amargo na boca. Na volta pra casa, caí de amores pela calçada, só dor de cabeça. Desisti de procurá-lo então.
Hoje ele chegou sem bater à porta. De mansinho, num texto de Guimarães Rosa. O burrinho pedrês me mostrou estar no simples, no sutil, no indizível do sertão. E Sagarana me reacendeu o fogo desse amor, por quem sempre foi minha amante, meu amigo, meu pai, minha professora, meu deus e diabo. Oh! Literatura não me abandone jamais. Quero afogar em seus braços e desamores, até meu último suspiro de retina.
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